quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Em defesa do Protocolo de Manchester


Nos últimos dias a imprensa vem publicando algumas posições contrárias a implantação do Protocolo de Manchester em Joinville. Gostaria de lembrar que até o início da implantação do referido protocolo todos os pacientes que procuravam uma unidade de urgência e emergência, aguardavam na sua grande maioria, ser atendido obedecendo o seu horário de chegada, critério esse que trazia riscos para a vida do paciente.
Aproveitamos para dizer que o acolhimento com classificação de risco é uma ferramenta prevista na legislação brasileira pela portaria do Ministério da Saúde que regulamenta a organização da resposta às urgências no país e que claramente diz que o processo de acolhimento com Classificação de Risco deve ser realizado por profissionais de saúde, de nível superior, mediante treinamento específico e utilização de protocolos pré-estabelecidos e que tem por objetivo avaliar o grau de urgências das queixas dos pacientes, colocando-os em ordem de prioridade para o atendimento, e não por ordem de chegada.
Esta portaria foi reconhecida e aprovada por todas as representações de classe,
em especial a médica e a de enfermagem, na época de sua publicação, sendo também a referência legal no assunto para o Poder Judiciário, além de que em 2009 o Ministério da Saúde coloca o acolhimento com classificação de risco como obrigatórios nas unidades não hospitalares de atenção às urgência e emergência.
Lembramos aqui que esse mesmo protocolo foi implantado no estado de Minas Gerais. O Conselho Regional de Medicina daquele estado avaliou que os critérios utilizados são amplos e com grande sensibilidade, evitando a inclusão de quaisquer termos que constituam diagnóstico, que é prerrogativa exclusiva do profissional médico, portanto se não utiliza diagnóstico não constitui ato médico exclusivo, sendo assim, passível de ser executado pelo profissional enfermeiro.
Além do Brasil, o Protocolo de Manchester é hoje utilizado também como recomendação de política de governo em países como o Reino Unido, Portugal, Alemanha e Holanda pela sua validação científica. A recomendação do citado protocolo é de que pode ser feito tanto por enfermeiros, quanto por médicos, mas ressalta o controle médico do processo, porém determina um tempo seguro para a primeira avaliação do médico.
Reforçamos que a não utilização de um sistema de classificação de risco com validação bibliográfica é hoje uma prática não admitida em conceitos de qualidade na assistência à saúde, já que recentemente publicações têm demonstrado a redução de mortalidade nas urgências com o uso desta tecnologia.
Todas as unidades onde foi implantado o Protocolo de Manchester em Joinville, são unidades vinculadas ao Sistema Único de Saúde, e todas elas tiveram suas equipes de enfermagem capacitadas e em quantidade suficientes para prestar adequada assistência aos atendimentos de urgência e emergência. Destacamos que após duas avaliações do Protocolo de Manchester, fica claro que se faz necessário mais do que nunca que as três esferas de governo (municipal, estadual e federal) precisam investir mais no fortalecimento da Atenção Primária de Saúde.

Nenhum comentário:

Postar um comentário